Arcebispo de Olinda e Recife visitou a redação da Folha de Pernambuco para celebrar o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais
Em celebração ao 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais, instituído pelo papa Paulo VI em 1967 e vivenciado pela Igreja Católica no dia em que se celebra a festa litúrgica da Ascensão do Senhor, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, visitou a redação da Folha de Pernambuco, nesta sexta-feira (30), para abençoar o trabalho dos funcionários e comunicadores.
Na ocasião, Dom Paulo realizou um ato litúrgico seguido por um momento de oração e bênção aos profissionais, reforçando a importância dos valores de ética e esperança que, segundo ele, devem guiar o trabalho dos jornalistas. Este ano, a data será celebrada oficialmente no próximo domingo (1º), com o tema “Partilhai com mansidão a esperança que está em vossos corações”, escolhido pelo Papa Francisco como forma de chamar atenção contra a desinformação e a concentração do controle nas redes sociais.
Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, Dom Paulo destacou que o tema deste ano aponta para uma comunicação a serviço da vida, da ética e da verdade, mas que tenha como elemento fundamental a esperança.
“Todos os anos, o Papa prepara uma mensagem e oferece um tema fundamental que possa nortear a reflexão. O tema deste ano é uma comunicação a serviço da vida, a serviço da ética, a serviço da verdade, mas que tenha como elemento fundamental a esperança dos andares, para ajudar as pessoas nesse mundo tão confuso, tão marcado por depressões, por ansiedades. Que as pessoas encontrem esse ânimo, este alento, este hábito de esperança que possa revigorá-las para enfrentar com lucidez e esperança os dramas e desafios da vida”, afirmou.
Dom Paulo também chamou atenção para a importância do papel da imprensa durante tempos difíceis e sombrios.
“Em uma rotina onde o dever envolve comunicar guerras, desastres e tragédias, encontrar um veículo que possa ser também instrumento dedicado à comunicação fundamentada na verdade, na ética e na esperança para gerar empatia e solidariedade entre as pessoas é fundamental”, destacou.
Para ele, os comunicadores devem sempre se guiar por meio da ética e da propagação da verdade e da esperança. Dentro desse cenário, Dom Paulo falou ainda sobre a temática da polarização política e ideológica que se perpetua no mundo das mais diferentes formas. Segundo o religioso, é em momentos como esses que a Igreja se torna essencial.
“A Igreja traz a mensagem de reconciliação, de paz, de busca do entendimento, de busca do diálogo como resolução dos conflitos. Creio que esse é um dos grandes legados do Papa Francisco e é também uma das grandes possibilidades de contribuição que a Igreja Católica oferece: de atuar como promotora da paz, da reconciliação e do perdão”, explicou Dom Paulo.
Durante a entrevista, o arcebispo também refletiu sobre o legado deixado pela pandemia no campo da comunicação dentro da Igreja. Segundo ele, o momento impulsionou uma verdadeira renovação.
“A pandemia deixou um grande legado para as igrejas em geral, mas de modo específico falo da Igreja Católica. Foram organizadas equipes de Pastoral da Comunicação em todas as paróquias, em todas as comunidades nesse mundo de Deus. Foi impressionante o grande movimento, exatamente porque as pessoas não poderiam ir fisicamente às igrejas. Então, a Pastoral da Comunicação teve um papel fundamental no período da pandemia e se manteve após a pandemia”, comentou.
No entanto, ele ressaltou que a comunicação eclesial vai muito além das técnicas.
“Para nós, na Igreja Católica, a Pastoral da Comunicação não é simplesmente dominar técnicas comunicacionais. Não é somente saber fazer foto, alimentar o Instagram ou publicar um texto. Entram dois elementos fundamentais: internamente, a missão da Pastoral é gerar comunhão e identidade, pois uma paróquia é feita de muitos grupos e serviços. Externamente, a comunicação precisa ir além de si mesma, porque se não temos nada a comunicar aos que não são dos nossos, então perdemos a essência do Evangelho. A Igreja existe para comunicar ao mundo a experiência que fizemos com Cristo Jesus”, afirmou.
Segundo Dom Paulo, esse impulso missionário é o que sustenta a própria universalidade da fé cristã.
“Se não fosse a abertura da Igreja para além dos muros de Israel, teria mantido o cristianismo como uma seita do judaísmo. Mas o Espírito derramado nos corações dos apóstolos fez com que portas e janelas se abrissem e que homens e mulheres saíssem pelo mundo comunicando a boa notícia. A universalidade da Igreja nasce da sua missionalidade, do seu desejo de comunicar ao mundo uma verdade fundamental que alimenta a nossa existência”, concluiu.
Texto: Vitória Floro – Folha de Pernambuco
Foto: Rafael Melo