Falta de quórum adia mais uma vez votações na Alepe, deputados se unem em apelo por harmonia

Projeto de reajuste para professores é mais um entre os que foram adiados

A ordem do dia na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) foi retirada de pauta mais uma vez nesta terça-feira (3) por falta do quórum mínimo de 25 deputados no plenário. A bancada governista tem utilizado a estratégia de esvaziar o plenário para forçar a análise do pedido de autorização para empréstimo de R$ 1,5 bilhão enviado pelo governo estadual.

Com isso, a votação do reajuste de 6,27% no piso salarial dos professores, que foi aprovada nas comissões de Justiça, Finanças e Administração Pública pela manhã, não pôde ser votada no plenário. Além dessa, continuam sendo adiadas as votações da indicação do médico-veterinário Moshe Dayan para presidir a Adagro e projetos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Tribunal de Justiça (TJPE). 

A deputada Dani Portela (Psol) subiu à tribuna para cobrar os deputados para que votassem o reajuste salarial para os professores. Ela pediu o fim do embate entre os poderes e lembrou que a paralisação já dura duas semanas.

“Não se vota nada há 15 dias. Os deputados somem em questão de minutos. A bancada governista estava na Casa de manhã nas Comissões. Tinham garantido que iriam votar, e não apareceram. Vamos ter que ir ao Palácio do Governo”, afirmou. 

Para reforçar o apelo da colega parlamentar, a deputada Rosa Amorim (PT)  também subiu na tribuna. Ela declarou ser uma “vergonha” não haver votação de reajuste por falta de quórum.  A inércia do Legislativo estadual causada pelo travamento na pauta tem gerado cada vez mais reações dos próprios deputados que cobram por um entendimento entre os poderes. Na sessão plenária desta terça-feira, deputados de campos ideológicos distintos estiveram na mesma sintonia, pedindo por diálogo e harmonia entre o Legislativo e Executivo. 

União

Em conversa com a imprensa, Renato Antunes criticou o esvaziamento do plenário da Casa de Joaquim Nabuco pelos governistas. Ele avalia que a própria governadora Raquel Lyra (PSD) deveria assumir a interlocução com o Legislativo. 

“Eu acho que o governo deveria parar de mandar interlocutor. Acho que a Casa Civil desenvolve um papel importante, mas tem gente que só atende o líder. Então a governadora vem aqui conversa com Álvaro. Álvaro também se dispõe ao diálogo. E pronto, acabar com essa de estar esvaziando o plenário e a gente brincando aqui com o regimento. Quem perde é o povo de Pernambuco”, enfatizou. 

Já o deputado João Paulo reservou os primeiros minutos do seu pronunciamento no plenário para reforçar o pedido pelo entendimento entre os poderes. Ele criticou o que chamou de “antecipação das eleições de 2026” e chamou a atenção para a quantidade de pautas importantes que estão paradas na Casa em razão do trancamento da pauta.

“Essa casa tem que cumprir o papel dela de votar em caráter de urgência e objetivo, não só o reajuste dos trabalhadores em educação, mas também projetos significativos que estão aqui nessa casa, como o empréstimo de R$ 1,5 bilhão para obras estruturadoras no estado, a sabatina com o administrador de Noronha, o nome da Adagro, o PL do reajuste dos professores, a suplementação de crédito para a Funape, concursos públicos do TCE, do Tribunal de Justiça”,  pontuou o parlamentar.

Texto: Anthony Santana – Folha de Pernambuco

Foto: Jarbas Araújo – Alepe

Precisa de ajuda?