
Os delegados chegaram a Roma. As mesas redondas estão montadas na Aula Paulo VI. E a sessão final do Sínodo da Sinodalidade começou.
A Igreja está no meio do processo sinodal há tanto tempo que pode ser fácil esquecer quão gigantesco é o projeto.
O sínodo exigiu não só investimentos significativos de tempo, atenção e recursos financeiros incalculáveis, mas também um esforço concentrado para definir a sinodalidade teologicamente e colocar em prática programas práticos para implementá-la.
laramente, um grande empurrão foi necessário para colocar em movimento o atual curso de ação, que não apenas levou à sessão culminante deste mês, mas pode muito bem tornar todas as coisas sinodais uma característica contínua da vida católica.
O fator mais decisivo para fazer essa bola da sinodalidade rolar foi um curto discurso papal proferido há nove anos.
Um discurso ‘marco’
Em 17 de outubro de 2015, o papa Francisco falou aos participantes do Sínodo da Família, o primeiro Sínodo dos Bispos convocado por ele, marcando o 50º aniversário da criação do Sínodo dos Bispos pelo papa são Paulo VI.
Com pouco menos de 2,3 mil palavras, o discurso do papa não foi especialmente longo. Na verdade, foi mil palavras mais curto do que o que Francisco fez um mês antes, no Congresso dos EUA em Washington D.C.
Também não foi a primeira vez que o papa usou o termo “sinodalidade”. A palavra foi usada uma vez, por exemplo, na exortação apostólica de Francisco de 2013, Evangelii Gaudium , e foi utilizada em entrevistas papais ocasionais.
Mas o discurso de 2015 foi diferente. Ele não apenas mencionou a sinodalidade. Ele a chamou de “um elemento constitutivo da Igreja”.
A sinodalidade, definida pelo papa como um “caminhar juntos”, foi o foco de todo o discurso, e Francisco deu uma imagem de como seria uma Igreja reconfigurada ao longo de suas linhas: uma “pirâmide invertida”, onde a divisão pós-concílio de Trento (realizado entre 1545 e 1563) entre uma hierarquia que ensina e e leigos que aprendem seria superada, a autoridade seria descentralizada e o “senso de fé” do povo de Deus seria central na tomada de decisões e no discernimento da Igreja.
Ao citar a consulta aos leigos no Sínodo da Família como uma instância de sinodalidade e dizer que a prática é o que “Deus espera da Igreja do terceiro milênio”, o discurso de Francisco foi um programa de reforma da Igreja.
Definindo ‘Sinodalidade’
Depois do discurso de Francisco, o uso do termo “sinodalidade”, antes pouco usado, disparou.
Segundo o motor de busca online Google Books Ngram Viewer, a taxa de uso de textos em inglês aumentou 260% de 2015 a 2019. Resultados semelhantes ocorreram nos países de língua espanhola , francesa e italiana .
Ao falar em 2016 sobre um desses novos textos teológicos sobre sinodalidade, mas aplicável à maioria dos escritos sobre o gênero, o ex-secretário geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, identificou o discurso de Francisco de 2015 como o “ponto de partida”.
Muitos dos teólogos que rapidamente se2 manifestaram para definir a sinodalidade depois do discurso do papa agora fazem parte do quadro dedicado de especialistas teológicos do Sínodo da Sinodalidade. Nessa capacidade, eles desempenharam papéis decisivos na elaboração dos documentos que guiaram o processo em cada estágio e também serão responsáveis por redigir o texto final do sínodo no final deste mês.
Matéria do site ACI Digital.