
Em uma visita histórica, o Papa Francisco foi recebido neste domingo (15) por milhares de fiéis na ilha francesa da Córsega, marcando a primeira vez que um pontífice visita a região. A breve passagem do líder católico ocorreu em Ajaccio, principal cidade da ilha, e reuniu cerca de 12 mil pessoas nas ruas, segundo autoridades locais.
O papa chegou em cadeira de rodas ao aeroporto de Ajaccio, exibindo um hematoma no rosto devido a uma queda recente. Ele foi recebido pelo ministro do Interior da França, Bruno Retailleau, e por um grupo de crianças locais. A visita aconteceu apenas uma semana após a reabertura de Notre Dame de Paris, mas teve um tom mais discreto em comparação à cerimônia na capital francesa.
Encontro com fiéis e mensagem de união
Na ilha, que abriga 350 mil habitantes, dos quais 80% são católicos, segundo o Vaticano, Francisco participou do encerramento de um congresso sobre “Religiosidade popular no Mediterrâneo”. Durante seu discurso, defendeu um modelo de secularismo mais flexível e adaptável às mudanças sociais, promovendo a cooperação entre autoridades civis e religiosas para o bem comum.
“É necessário um secularismo dinâmico, que permita uma colaboração constante entre Estado e Igreja, respeitando os limites de seus respectivos campos de atuação”, afirmou o pontífice, dirigindo-se a líderes religiosos e teólogos presentes no evento.
Alerta contra divisões e discurso nacionalista
O papa também fez um alerta contra o uso da religião para fomentar divisões. Ele criticou a manipulação da fé por grupos que promovem exclusões ou antagonismos. Embora não tenha mencionado diretamente, a mensagem pode ter sido direcionada ao movimento nacionalista Mossa Palatina, que tem ganhado força na Córsega. O grupo, de extrema direita, prega a supremacia do catolicismo e se opõe à recepção de migrantes, posição que contrasta com o constante apelo do papa a favor do acolhimento de refugiados.
Missa ao ar livre e agenda diplomática
Encerrando sua visita, Francisco celebrou uma missa ao ar livre com cerca de 9 mil fiéis e, antes de deixar a ilha, reuniu-se com o presidente francês, Emmanuel Macron, no aeroporto. O retorno do papa ao Vaticano estava previsto para o final da tarde.
A viagem do pontífice à Córsega foi um convite do cardeal François-Xavier Bustillo, bispo de Ajaccio. “Ele está prestes a completar 88 anos e enfrenta desafios de mobilidade, mas sua mente e espírito continuam fortes”, destacou o cardeal em entrevista recente, elogiando a disposição de Francisco em visitar a ilha.
A visita reforçou a mensagem central do papa: a importância do diálogo, da inclusão e da solidariedade no Mediterrâneo, uma região marcada por tensões religiosas, migratórias e políticas.